Desaparecidos

04Mar11

Autor: Michael Grant

Editora: Editorial Planeta (2010)

Páginas: 416

Sinopse: E, de repente, nada! Os telemóveis deixaram de funcionar assim como os computadores e todos os outros aparelhos eléctricos e electrónicos. Sem pufs, flashes, luzes ou explosões. Nada. Mas há mais: não há nenhum adulto no perturbador universo de Desaparecidos.

Opinião:

Desaparecidos conta a história de um grupo de canalha que de repente se vê num mundo sem adultos, ou melhor, num mundo em que só permanece a miudagem abaixo dos 15 anos – e sempre que um dos que restam alcança esta idade, faz puff. Desaparece. Sabe-se lá para onde, como, ou porquê exactamente. Isto passa-se na cidade balnear de Perdido Beach, onde existe uma central nuclear, e que desde que os adultos fizeram puff se encontra dentro de uma espécie de redoma de vidro, tal e qual como acontece a Springfield no The Simpsons Movie, com a excepção de que esta praticamente electrocuta quem lhe puser um dedo em cima.

(Springfield’s Dome = Perdido’s Beach…Thingy)

Eu sei o que estão a pensar: What. The. F***? E ainda nem cheguei à parte em que alguns dos miúdos têm poderes sobrenaturais ao estilo da série Heroes, sendo que o protagonista é um autêntico Sangoku ao lançar lasers pelas mãos que esturricam tudo em que acertam.

(Kaaaaaa-meeee-haaaa-meeee-haaaaa!)

Ainda que o tema central da história seja a WTFness do desaparecimento do pessoal dos 15 adiante e dos poderes dos teenagers, é também dado protagonismo ao facto de haverem animais mutantes capazes de falar (entre outras coisas), ao aparecimento de uma coisa chamada The Darkness que eu não sei bem mas que temo ser algo parecido com o Black Smoke do Lost:

(Run!)

…e ainda à desavença entre duas partes da miudagem, uma conduzida pelo herói Sam e a outra pelo vilão Caine (**SPOILER** que se vem a descobrir mais tarde serem irmãos gémeos separados à nascença), e foi neste ponto que Desaparecidos começou a saltitar nos meus nervos, porque os miúdos maus, são mesmo maus, de tal maneira que eu só aguentava ler pequenas doses de tanta maldade de cada vez. Há várias cenas de pancadaria, de crianças inocentes a morrer, uma de assassínio, e imagine-se que há uma cena em que se fica a saber que um bebé morreu por negligência, sendo depois metido num saco do lixo para ser enterrado…entre outras situações macabras do género. Eu percebo que num cenário como o que o autor descreve, isto seria possível, mas fui apanhada de surpresa e escusado será dizer que foi uma leitura chocante do princípio ao fim.

Claro que o livro tem os seus méritos, e de certeza que um leitor menos impressionável do que a je, apreciará o engenho do mundo que Michael Grant criou em Gone, mesmo na presença de tantos acontecimentos assombrosos. A escrita é boa, os diálogos também, e vê-se claramente que o autor tem talento para incarnar personagens juvenis e escrever sobre elas, mas não exactamente para elas, porque eu nunca recomendaria este livro a leitores com a idade dos protagonistas.

Achei ainda um livro demasiadamente extenso para a situação em questão, as últimas 200 páginas foram um sofrimento para mim, tendo chegado àquele ponto de não-aguento-mais-digam-me-só-como-é-que-acaba, tanto porque já estava tão farta das cenas de violência que já só me apetecia entrar na onda e esbofetear aqueles miúdos todos, mas também porque a certa altura é tanta coisa a acontecer que eu já não me lembrava de certas personagens, onde é que elas estavam, o que lhes tinha acontecido, quem ou o quê andava a persegui-las, etc.

Contrariamente ao que pode parecer, eu quero muito, muito saber o desfecho desta história. Será uma experiência científica? Serão aliens? Será um sonho? Será que morreram todos num desastre nuclear e tal como no Lost este pessoal está todo no limbo? No entanto, por mais que queira saber, NÃO vou ler mais livro algum desta série porque sei que seria um desgaste mental sem precedentes e não sou assim tão masoquista. Quando sair a última parte, limito-me a ler a resposta na Wikipédia.

Classificação: 5/10

Goodreads ǀ Editorial Planeta ǀ WOOK ǀ The Book Depository UK ǀ The Book Depository.com


9 Responses to “Desaparecidos”

  1. 1 slayra

    Oh, wow, tive este livro na mão no outro dia! Ainda bem que decidi comprar “As Pirâmides de Napoleão” em vez deste (se bem que As Pirâmides do N também não seja grande espingarda)! O___O Eheh, há quanto tempo não via o Sangoku a disparar a sua bola de energia, lol.

    Então basicamente este livro é tão foleiro como uma versão cinematográfica do Dragonball… tipo Mutant X, talvez? 😀

    Ah, acabaste de me spoilar o Lost (mas não faz mal pq eu nunca passei da primeira temporada, aquilo era uma confusão e já me doía a cabeça de tanto revirar os olhos às personagens – peço desculpa a quem gostou da série, mas para mim não resultou de todo). Então foi isso que aconteceu… LOL. Seis temporadas e uma data de cérebros confusos depois, eis a explicação. 😀

    • Crap! Acho que vou por um aviso no início a dizer Cuidado: esta review contém spoilers sobre o Lost, na verdade eu acho que isto vai acabar por ser mesmo um Lost versão livro e juvenil, se bem que a série é longa e os miúdos devem chegar a adultos. Mas sim, o segredo do Lost era um mix de morte, sonho e limbo. Pelo que percebi eles morreram todos no crash do avião, mas recusaram-se acreditar e então estavam a “viver” num mundo de fantasia (a ilha) até que no último episódio apercebem-se de que morreram e que têm de acabar com aquela treta. Mas posso estar enganada em algumas coisas, se alguém chegar aqui e me der outra explicação, eu acredito completamente. Até hoje acho nunca ninguém percebeu a 100% o que aconteceu, nem os hardcore fans. Foi mesmo uma perda de tempo slayra, fizeste bem em não continuar a ver. xD

      Não é que seja um livro foleiro (nunca vi o Mutante X xD) …o problema para mim foi mesmo a violência…it’s just too much *.* porque o mistério dos desaparecimentos e aquelas cenas maradas até me interessaram.

      Eheh, o Dragonball…os bons velhos tempos da nossa juventude. Não percam o próximo episódio, porque nós…também não! 😀

      • 3 slayra

        Não há crise. Assim não tenho de ver a série toda (nem tencionava… not my cup of tea, I guess). Eu gosto de enredos intrincados tanto como qualquer um mas o Lost exagerava demasiado. Cheguei a apanhar uma temporada na FOX (acho que era a 5ª) em que eles ora estavam na ilha ora estavam em sítios completamente diferentes e não se conheciam uns aos outros… há uma altura em que a complexidade de um enredo se torna bem… randomness. O Lost ultrapassou essa fronteira, para mim. No entanto, conheço quem goste. 🙂

        Hmm… o livro parece interessante mas ao mesmo tempo repulsivo. :p Também não gosto de violência gratuita pelo que vou passar este, acho eu. ^__^

        Ah eram belos tempos! O Dragonball, depois o Dragonball Z-Z-Z!!! Esse era muito bom com as suas “fuuusões” e os treinos nas salas especiais que equivaliam a anos no exterior, eheh. E depois do Dragonball mudava-se de canal e apanhava-se o Samurai X… 🙂

      • *sigh* eu gostava bastante, mas comia-me a cabeça, e acho que a última temporada foi muito meh, entravam mais dois tipos na coisa, dois gémeos um bom e outro mau (como neste livro… O_O as parecenças não param de se acumular), e eu não percebia patavina do que é que eles interessavam para a história, enfim…

        Oh sim, tínhamos as manhãs e as tardes completamente preenchidas com o que passava na tv de desenhos animados. Eu não perdia um Batatoon. xD

  2. Nuna leste o “Deus das Moscas”? Este livro do Michael Grant parece-me ter muitas semelhanças com esse clássico, e acho que nem a extrema violência me impedirá de o ler, pois a ideia parece interessante. No entanto, também concordo quando dizes que não percebo estas classificações dos americanos para YA. Vá se lá compreender …

    • 6 slayra

      Lol, penso que “YA” para eles situa-se na faixa etária 16-21 ou algo do género… :p Não é tanto literatura “juvenil” como para “jovens adultos”. Lit. Juvenil para eles é praí “Middle Grade” se bem que às vezes realmente também usem “YA” para a classificar… não sei. É confuso. :p

    • @Ana Não, nunca li o Deus da Moscas…uma vez resumiram-mo e só pelo que ouvi achei que era melhor não lhe pegar. *medricas*

      Sim a ideia é interessante, e eu li mais ou menos metade do livro com avidez porque aquelas estranhezas todas estavam a dar comigo em doida e eu queria saber o que se estava a passar, mas a violência é enervante. Não que nunca tenha lido cenas de pancadaria, quer dizer isso há a torto e a direito na literatura, mas era mais por serem crianças (ou adolescentes, vá), metia-me tanta impressão…

      É um livro puxado para YA, sem dúvida. O_O

      @slayra sim, sim, mas parece-me que também há tendência para classificarem um livro como YA quando os protagonistas estão nessa faixa etária, o que é um bocadinho parvoíce, quer dizer, um livro até pode ser sobre um homicida adolescente mas é classificado como YA. Claro que estou a exagerar com este exemplo, mas ás vezes não anda muito longe.


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